quinta-feira, 1 de novembro de 2018

CONVERSAS ÀS SEGUNDAS, NA QUARTA



Hoje caminhámos pela toponímia da cidade Barcelos, graças à pesquisa do sócio e colaborador António Sousa. Nas suas “CONVERSAS ÀS SEGUNDAS, NA QUARTA”, que acontecem na quarta segunda-feira de cada mês, este mês encaminhou-nos pelas vidas das personalidades ilustres que cederam os seus nomes às vias que circulam pelo corpo urbano desta cidade. E, assim, partindo da Sede do nosso Instituto na rua (que mais parece praça) Sellés Pais, espreitámos a vida de Joaquim Sellés Paes de Villas Boas, nascido em Madrid a 11 de Fevereiro de 1913 e falecido em Lisboa a 14 de Maio de 1991. Foi oficial do exército, etnógrafo, arqueólogo, crítico de arte, colecionador, etc. Foi o promotor do atual Museu de Olaria de Barcelos ao oferecer à Câmara Municipal uma coleção de mais de setecentas peças da olaria barcelense, que recolheu, identificou e catalogou.

Daí caminhámos para a Praça Costa Leite. O nome foi-lhe cedido por Manuel Costa Leite, 1º Visconde de Oliveira. Nascido em Barcelos a 12 de Abril de 1813, faleceu no Porto a 18 de Setembro de 1896. Foi médico ginecologista e grande benfeitor da Santa Casa de Barcelos.

Seguimos para a Rua Gonçalves Torres, pintor e retratista barcelense. Nasceu em Areias de Vilar a 6 de Maio de 1909 e faleceu em Braga a 3 de fevereiro de 1987. Produziu cenários para peças de teatro, caricaturas para jornais, cartazes, folhetos para as Festas das Cruzes, etc.

Prosseguimos pela Rua D. Maria José Novais, senhora de grande cultura, muito dedicada à solidariedade e à benemerência. Nasceu em Silveiros, Barcelos, a 29 de abril de 1896, e faleceu a 1 de janeiro de 1982. Foi Deputada e Vereadora da Câmara Municipal do Porto. Fundou a Escola do Serviço Social do Porto, o Abrigo de Nossa Senhora da Esperança, para mulheres idosas, doentes incuráveis. Em Barcelos fundou a Casa de Santa Maria. Foi agraciada pelo Governo com a Comenda da Ordem de Benemerência e foi a primeira mulher a receber a Medalha de Ouro da cidade do Porto

Dirigimo-nos agora à rua Padre Lamela, cujo nome lhe foi cedido por Bonifácio Elias Lamela, que nasceu em Barcelos a 11 de novembro de 1878 e faleceu a 9 de fevereiro de 1966. Foi padre, capelão da Confraria de Nossa Senhora do Terço, proprietário do jornal “Deus e Pátria", e fundador do Círculo Católico Operário de Barcelos e da JOC – Juventude Católica Portuguesa.

De seguida entrámos pela avenida D. Nuno Álvares Pereira e pela vida desse grande Herói da batalha de Aljubarrota, decisiva na Guerra da Independência contra os espanhóis, durante a crise de1383-1385. Foi também conhecido por Santo Condestável. Nasceu a 24 de junho de 1360, em Cernache de Bonjardim (?), concelho de Sertã, e faleceu no Convento do Carmo, em Lisboa, no dia 1 de abril de 1431, para onde se retirou, onde se fez carmelita e viveu durante os últimos anos da sua vida. Entre outros títulos nobiliárquicos, foi 2º Condestável do Reino, 7º Conde de Barcelos, 2º Conde de Arraiolos e 3º Conde de Ourém. Beatificado em 23 de janeiro de 1918, sob o nome Beato Nuno se Santa Maria, foi canonizado a 26 de abril de 2009.

Passámos à Rua Pedro de Barcelos e entrámos na vida do navegador Pedro de Barcelos ou Pedro Mariz Pinheiro (sem prova documental), que lhe deu o nome. Nasceu em Barcelos em meados do séc. XV e faleceu na Vila da Praia, Açores, a 10 de Abril de 1507. Foi escudeiro, navegador e pioneiro na exploração da costa do continente americano, e descobridor da Gronelândia.
 Planisfério de Cantino - imagem da Wikipédia

Essa expedição está bem representada no Mapa Cantino de 1502.


Seguimos pela rua Felgueiras Gayo, que deve o seu nome a Manuel José da Costa de Felgueiras Gayo. Nasceu em Barcelos a 25 de junho de 1750 e faleceu em Vitorino de Piães, Ponte de Lima, a 21 de novembro de 1830. Foi juiz em Barcelos, e foi um notável Linhagista ou Genealogista (como quisermos dizer) com uma obra em 33 volumes que deixou à Santa Casa da Misericórdia de Barcelos. Foi também vereador da Câmara Municipal de Barcelos.

Entramos agora na avenida Paulo Felisberto. O nome deve-o a Paulo Felisberto Peixoto Fonseca, nascido em Barcelos no dia 14 de dezembro de 1864 e faleceu no Rio de Janeiro, a 3 de novembro de 1947, para onde foi com apenas 12 anos. Estabeleceu-se no comércio aos 18 anos e fez grande fortuna. Casou com uma brasileira, mas não teve descendentes. Fez grandes doações tanto a Portugal como ao Brasil, e Barcelos deve-lhe a construção da Cadeia Nova e a remodelação da Cadeia Velha. Em Portugal foi condecorado com a Grã-cruz da Benemerência da Ordem da Instrução e Benemerência e, no Brasil, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

Chegamos à Avenida João Duarte e daí à Travessa com o mesmo nome. Receberam-nos de João Duarte Veloso, que nasceu em Barcelos a 19 de Março de 1888 e faleceu no Porto a 18 de Março de 1966. Foi, como sabemos, o grande precursor da Indústria Têxtil em Barcelos, fundador das fábricas Fiação, Barcelense e Tebe, que foram a grande escola onde se formaram quase todos os empreendedores da Indústria Têxtil da região de Barcelos, que teve grande peso na Indústria Têxtil Nacional no séc. XX. Mas também fundou as fábrica de S. Brás e a do Amial, no Porto, e da Fil em Leça do Balio.

E eis-nos na rua João Nepomuceno. Recebeu o seu nome do Dr. João Nepomuceno Pereira da Fonseca e Silva Veloso, Senhor da Casa de Torre de Moldes, em Remelhe, casado com D. Francisca Isabel Cabral Limpo Brito Guerreiro de Aboim, de Aljustrel. Foi Juiz de Fora, e foi Ouvidor da Comarca de Barcelos. Aquando das invasões francesas foi acusado de jacobino e, portanto, traidor, tendo sido fuzilado em Arcos de Valdevez. Por sentença do Tribunal da Relação do Porto, de 15 de Março de 1810, a sua memória foi reabilitada, e foi reconhecido que a sua influência pessoal e o exercício do seu cargo livrou a vila de Barcelos dos vexames que os invasores infligiram às terras invadidas, sendo-lhe reconhecidas as suas altas qualidades de cidadão, amante da sua pátria, defendendo-a e prestando-lhe valiosos serviços.

Como a hora já vai adiantada, e o cansaço já pesa, completaremos o percurso na próxima “Conversas à Segunda, na Quarta”


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