Os associados do IAESM e alguns amigos, num total
de 78 pessoas, saíram de Barcelos de autocarro no dia 26 de junho por volta das
7:15 horas em direção à bonita cidade de Aveiro - a Veneza portuguesa, como é
conhecida – no cumprimento do programa preestabelecido no âmbito do seu habitual
passeio anual.
O programa começou por um passeio pelos quatro canais da ria para metade do grupo distribuído por dois saleiros (o barco saleiro ou mercantel é um barco um pouco maior que o moliceiro, usado antigamente na ria para o transporte do sal e de outros produtos), levando cada um o mestre e um/uma guia, que ao longo do percurso nos falaram dos edifícios, monumentos ou símbolos que tiveram alguma função ou foram detentores de alguma história ou interesse para os homens do mar de outros tempos, assim como a sua função, importância ou significado nos tempos atuais; e estou a lembrar-me da ponte da amizade repleta de fitas e de laços, ou da ponte em homenagem à peixeira e ao maremoto com a estátua de uma numa das pontas e a do outro na outra, assim como dos edifícios marginais à bonita baía.
E enquanto essa metade fez o passeio na ria, a outra foi levada para o “Zeca”, onde fez uma prova dos sabores de Aveiro: ovos-moles, raivas e bolacha americana, com refrescos de chá verde ou de groselha, adoçados com mel, seguida de uma prova de “licor de alguidar”, apresentado sob três sabores: tangerina, menta e morango. Mas, antes da prova, ouviu as histórias que lhe deram origem. E, embora não tenha retido a história dos licores na vida dos aveirenses de antigamente, guardei o seu moderno renascer, que nos conduz para a expressão “Deus corta direito por linhas tortas."
Por ser uma história de sucesso e de esperança, que pode servir de incentivo e semente de ideias para outros, aqui fica em poucas palavras:
Há poucos anos (dois, segundo a informação), num
casal de Professores com quatro filhos, só o marido conseguiu colocação. E tendo
ambos ascendência ligada aos homens do mar, resolveram “desenterrar” o antigo licor de alguidar. Começaram com três sabores: tangerina, menta e morango. Em boa hora o
fizeram. Apresentaram dois deles num concurso na Rússia e ambos foram premiados:
o de tangerina com o primeiro lugar e o de menta com o segundo.
Ora com a avalanche turística em Portugal atualmente, o negócio vai “de-vento-em-popa”.
Ora com a avalanche turística em Portugal atualmente, o negócio vai “de-vento-em-popa”.
Também a história dos ovos-moles é interessante: como a maioria dos bons doces portugueses, nasceram no convento. E foram resultado da
grande quantidade gemas que as freiras juntavam devido ao uso das claras para
engomarem os hábitos.
Não sabendo como gastar as gemas, começaram a adicionar-lhes açúcar e verificaram que o açúcar as conservava por bastante tempo. Como também faziam as hóstias para as missas, resolveram envolver pequenas quantidades dessas gemas com açúcar em pedacinhos de hóstia. E, assim, passo a passo, foram aperfeiçoando esses pequenos invólucros, dando-lhe formas ligadas a utensílios da faina marítima.
Nasceram assim os famosos ovos-moles de Aveiro, que não devem ser guardados no frigorífico e podem conservar-se perfeitamente três a quatro semanas fora dele.
Não sabendo como gastar as gemas, começaram a adicionar-lhes açúcar e verificaram que o açúcar as conservava por bastante tempo. Como também faziam as hóstias para as missas, resolveram envolver pequenas quantidades dessas gemas com açúcar em pedacinhos de hóstia. E, assim, passo a passo, foram aperfeiçoando esses pequenos invólucros, dando-lhe formas ligadas a utensílios da faina marítima.
Nasceram assim os famosos ovos-moles de Aveiro, que não devem ser guardados no frigorífico e podem conservar-se perfeitamente três a quatro semanas fora dele.
Depois deste passeio docinho pelos sabores de
Aveiro, este grupo foi fazer o passeio de barco, enquanto o outro fez a prova
de sabores.
De novo todo o grupojunto, entrou nos autocarros e
partiu em direção ao restaurante “XL”, onde cada um comeu o que mais lhe
agradou de entre as diversas iguarias expostas. Julgo que terá sido a contento
de todos. A escolha foi variada.
Em 1472 a Princesa Santa Joana, filha de D. Afonso V, irmã de D. João II e Regente do Reino enquanto seu pai e seu irmão combateram em África, recolheu-se ao mosteiro e aí tomou o hábito das Dominicanas e levou uma vida de santidade, tendo sido beatificada em 1693.
Daí ser conhecido por Museu de Santa Joana.
Para a visita ao museu fomos distribuídos por quatro grupos orientados
cada um por sua guia, e percorremos os vários espaços desse majestoso e
riquíssimo edifício, que funcionou também como colégio de Santa Joana após a extinção das ordens religiosas em Portugal. Fechado aquando da implantação da República
foi entregue à Câmara Municipal de Aveiro. Esta transformou-o em museu em 1911.
Sofreu várias obras de conservação e melhoramento ao longo dos tempos, mas mantém ainda incorporadas estruturas do antigo mosteiro.
Sofreu várias obras de conservação e melhoramento ao longo dos tempos, mas mantém ainda incorporadas estruturas do antigo mosteiro.
Embora não muito grande, a Igreja de Jesus, em estilo barroco, é também uma jóia riquíssima deste museu. É toda revestida em talha dourada e azulejaria portuguesa. Mas também o coro alto, riquíssimo em pintura e talha, agarra a olhar do visitante que vagueia perdido entre as paredes e o tecto. Tem um órgão pequeno com o qual as freiras acompanhavam as suas orações que, restaurado, ainda hoje funciona; e sobre a grade do coro um Crucificado, careca, aconchega o visitante no olhar doce e terno com que o segue.
No coro baixo ou interior está o túmulo de Santa Joana em mármore multicolor, esculpido ao gosto italiano, tendo à frente, em cima, a coroa da Princesa com uma palma encostada pelo interior.
Bastante cansativa dada a média de idades
do grupo, foi, quanto a mim, uma visita culturalmente muito compensadora.
De novo nos autocarros seguimos para o Museu
Marítimo de Ílhavo detentor de uma temática diferente, mas igualmente bonito e
culturalmente importante.
Tivemos aí a oportunidade de observar a réplica de
um bacalhoeiro e todos os apetrechos usados na faina do bacalhau e o modo como
viviam os pescadores durante o tempo que durava a faina. Apreciamos também uma belíssima colecção de conchas, doada ao museu por um amigo do fundador, miniaturas e gravuras dos diversos
barcos tradicionais portugueses, diferentes utensílios de marear e, por
ultimo, diversos aquários onde nadam bacalhaus.
Este visita, bastante mais leve e descontraída, foi
também transmissora de muitos saberes.
Programa cumprido, restava-nos o regresso.
Entrámos então nos autocarros e seguimos em direcção a Vila da Feira, onde fizemos uma pequena paragem para lanchar.
Seguimos depois para Barcelos, onde chegámos ainda com sol cansados, mas felizes e enriquecidos pelo conhecimento adquirido mas, sobretudo, pelo convívio e alegria com que vivemos este dia, sob os auspícios favoráveis do tempo, que nos bafejou com uma temperatura apropriada.
Programa cumprido, restava-nos o regresso.
Entrámos então nos autocarros e seguimos em direcção a Vila da Feira, onde fizemos uma pequena paragem para lanchar.
Seguimos depois para Barcelos, onde chegámos ainda com sol cansados, mas felizes e enriquecidos pelo conhecimento adquirido mas, sobretudo, pelo convívio e alegria com que vivemos este dia, sob os auspícios favoráveis do tempo, que nos bafejou com uma temperatura apropriada.