quinta-feira, 24 de outubro de 2019


PASSEIO DE ESTUDO AO MOSTEIRO DE TIBÃES

É o dia 18 de Outubro, 14 horas, e o autocarro já está parado junto ao Senhor da Cruz - o local combinado para a partida -, à espera que o grupo dos associados e associadas do IAESM, que vão chegando pouco a pouco, se forme. 
Ninguém se atrasa. Em breve cada um toma o seu lugar, previamente marcado, no autocarro, e partimos. Vamos cumprir a visita de estudo inscrita no nosso programa deste período.
Desta vez faremos uma visita guiada ao Mosteiro de São Martinho de Tibães, situado a seis quilómetros de Braga, na freguesia de Mire de Tibães, concelho de Braga. 
Somos ai recebidos e orientados por um guia simpático, de saber fluente, que nos leva a percorrer o espaço e a história deste grande monumento da Ordem Beneditina (Fundada em Itália por S. Bento de Núrsia - irmão gémeo de Santa Escolástica - no século VI, só chegou a Portugal no século XI pelas mãos dos monges de Clouny. Professava o silêncio, a obediência, a pobreza, a oração e o trabalho. O seu lema era “orar e trabalhar”). 
Começou por levar-nos à zona das cavalariças, agora transformadas em “salão de boas-vindas” (a expressão é minha) onde a história do mosteiro é contada às crianças através de marionetas. Aí, sentados, ouvimos os factos históricos relativos ao mosteiro desde a sua fundação no século XI. Recebeu o couto de Tibães e as terras anexas das mãos de D. Teresa e do conde D. Henrique. Mais tarde, recebeu também o couto da Póvoa do Lanhoso e o da Estela. 
A partir do século XII foi crescendo em poderio e privilégios até ao século XIV. Teve então um período de alguma estagnação e decadência, mas recebeu novo fôlego após o Concilio do Trento, com a fundação da Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal. E, no século XVI, foi a Casa-mãe da Ordem de S. Bento em Portugal e no Brasil. Chegou a ter sob a sua autoridade 20 mosteiros em Portugal e 13 no Brasil. 
Foi porém  no século XVII que atingiu a monumentalidade que hoje conhecemos. 
Foi um dos mais majestosos mosteiros do país da Ordem Beneditina, quer pela grandiosidade dos espaços, quer pela riqueza da sua decoração.
Maqueta  do Mosteiro
No século XVIII foi um centro criador e difusor da arte e da cultura, senhor de um valioso espólio em pintura, escultura e arte sacra e de uma valiosa colecção de milhares de livros sobre variados temas. 
Após as lutas liberais entre D. Pedro e D. Miguel, ficaram reduzidos a seis, os monges ali residentes. Mais tarde, aquando da extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834 foi vendido em hasta pública a particulares, à excepção de igreja, da sacristia, e do claustro do cemitério, e a sua deterioração extremou-se. 
Em 1986, adquirido pelo Estado Português,  iniciou-se então a sua reabilitação.
Actualmente abriga numa das suas alas uma irmandade feminina, que dirige uma hospedaria com nove quartos e um restaurante com capacidade para 50 pessoas.
Depois desta maravilhosa aula teórica iniciamos o percurso pelo espaço físico. Caminhamos os amplos e belos espaços, apoiados nas explicações detalhadas do nosso guia (penalizo-me, mas não consigo recordar o seu nome).
Desde a barbearia à igreja com a sua exuberante talha dourada, em vários estilos, das suas numerosas capelas, sem esquecer o coro alto com as misericórdias (pequenas saliências em forma de animais ou outras, na parte posterior dos assentos móveis das cadeiras, para se recostarem durante as longas horas em pé na recitação dos salmos e nas leituras), ao claustro do cemitério - e não posso deixar de registar a beleza da azulejaria que forra as suas paredes e conta a vida de S. Bento  (pena é os muitos painéis que lhe foram arrancados) -, a sacristia, a sala do ouvidor, a sala do capítulo, a ala dos gerais e as suas celas amplas e cómodas, a biblioteca, a cozinha com a enorme chaminé que cobre a lareira, pias, forno, despensa (uma das alas adjacentes à cozinha - o refeitório - sofreu um grande incêndio e mantém-se um espaço aberto, cimentado), a portaria de cima com a sineta e o ralo por onde o monge porteiro atendia os pobres e lhes dava a esmola, ou os peregrinos eram convidados a entrar (tinha uma hospedaria com dezasseis celas, sala de jantar (hospício), e secretas (WC)) e podiam permanecer no mosteiro gratuitamente durante três dias. O tempo que passasse além, era pago), a farmácia (são visíveis os potes onde fabricavam os remédios para uso interno e para o tratamento dos pobres)...
Foi, sem dúvida, uma tarde fantástica, que nos encheu a alma. Tanto pelo convívio, como pelo saber que nos foi passado. O nosso bem haja ao Guia que nos acompanhou, pelo seu fluente saber e pela forma como nos orientou.

Faltou-nos percorrer os jardins e a mata, que contam também parte da história deste grandioso monumento e merecem bem uma próxima visita. Julgamos que o melhor tempo para fazê-la será na  Primavera, quando tudo se renova e floresce, e o tempo cresce.



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